Vidimus Dominum (Jo 20, 25).

O Senhor dissera a Maria Madalena: “Não me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai” (Jo 20, 17). Uma expressão que nos surpreende, sobretudo se for confrontada com o que acontece com o incrédulo Tomé.

Maria Madalena gostaria de voltar a ter o seu Mestre como antes, considerando a cruz uma dramática recordação para esquecer. Mas agora já não há lugar para um relacionamento com o Ressuscitado que seja meramente humano. Para se encontrar com Ele não é preciso voltar atrás, mas pôr-se de maneira nova em relação com ele: é necessário prosseguir!

Ressalta isto São Bernardo: Jesus “convida-nos a todos para esta vida nova, para esta passagem… Nós não veremos o Cristo voltando-nos para trás” (Discurso sobre a Páscoa). Foi o que aconteceu com Tomé. Jesus mostra-lhe as suas feridas não para esquecer a cruz, mas para fazer com que seja inesquecível também no futuro.

De facto, é para o futuro que o olhar já está projectado. É tarefa do discípulo testemunhar a morte e a ressurreição do Seu mestre e a Sua vida nova. Por isso Jesus convida o incrédulo seu amigo a “tocá-lo”: deseja fazer dele testemunha directa da sua ressurreição. Queridos irmãos e irmãs, também nós, como Maria Madalena, Tomé e os outros apóstolos, somos chamados a ser testemunhas da morte e ressurreição de Cristo. Não podemos conservar para nós a grande notícia.

Devemos levá-la ao mundo inteiro: “Vimos o Senhor” (Jo 20, 25). Ajude-nos a Virgem Maria a viver plenamente a alegria pascal, para que, amparados pela força do Espírito Santo, nos tornemos capazes de a difundir por nossa vez onde quer que vivamos e trabalhemos. Mais uma vez, Boa Páscoa a todos vós!

(Papa Bento XVI, na Audiência Geral de 11 de abril de 2007.)

Deixe um comentário